O Onda Negra surge como um desejo de exteriorização de algumas reflexões que estão diretamente ligadas à questão racial. Almejamos com este espaço a problematização e discussão sobre temas como o racismo, o preconceito racial e a discriminação. Possivelmente, veremos também discussões sobre processos que apontam para uma predominância da desigualdade social e racial no nosso país.
Em alguns momentos, apresentaremos sugestões, análises e reflexões de filmes que abordam diretamente ou indiretamente a temática racial, ou, que dialoguem com a mesma. Salientamos que dentro desta proposta não deixaremos de abordar, por exemplo: a questão de gênero, os processos do mundo do trabalho e a questão racial, a questão da violência racial e, principalmente, alguns processos que envolvam reparação e ganhos para a população negra, como no caso das políticas de Ações Afirmativas.
Por último, explicamos que a origem do nome Onda Negra foi pensado a partir do livro da Celia de Azevedo, "Onda negra, medo branco". Nesse livro, a autora estabelece um intenso debate em torno das "questões senhoriais travadas por abolicionistas e imigrantistas ao longo do século dezenove. Decerto esse debate ainda se arrastaria pelo tempo não fosse a intervenção dos próprios escravos com suas ações autônomas e violentas, aguçando os medos da 'onda negra', imagem vívida forjada no calor da luta por elites racistas."
Sendo assim, julguei pertinente fazer uma alusão a esta "onda negra" que se tratava do medo das elites com os retrospectos das lutas anti-escravistas (ou por libertação dos negros escravizados) como por exemplo, a Revolução Haitiana; para tratar dos problemas contemporâneos que envolvem a condição do negro em nossa sociedade. Enquanto as lutas ganham força por ganhos de direitos, por igualdade de condições no mercado de trabalho em relação aos brancos, por políticas de reparação e de inclusão com as Ações Afirmativas, percebe-se que todo esse movimento ainda desperta em alguns grupos da nossa sociedade um incômodo, uma desconfiança e a meu ver um medo.
Para além das suas
declarações racistas e da equivocada noção da realidade, o que me impressiona e
quero chamar a atenção aqui é para a construção discursiva ainda pautada num
mix de teorias difundidas no século XIX, que foram encampadas por um grupo de
cientistas e pesquisadores que desenvolveram postulados preconceituosos e
eurocêntricos em que justificavam “cientificamente” as motivações para nos
fazer acreditar numa “inferiorização” e “desumanização” do negro a partir das
características genéticas, raciológicas e psicológicas.
Não me surpreende esta
atitude racista e preconceituosa, pois sei que ela existe e é muito presente no
cotidiano de muitos alunos negros, indígenas e outros grupos de alunos e alunas
que fazem parte de outras “minorias” dentro da universidade. O que realmente me
surpreende é a forma como ele se coloca, com a ilusão de está relatando algo
que é real, que faz parte da nossa sociedade e a constitui, sem achar que está
sendo racista com suas declarações. Este professor Manoel, nos demonstra a mais
vívida naturalização da desigualdade racial, do preconceito e discriminação, da
naturalização da pobreza em contraposição aos privilégios que a sua branquitude
lhe ofereceu.
A partir deste
acontecimento, torna-se extremamente necessário debatermos de forma mais profícua
as relações raciais dentro das universidades e as formas de discriminação que
vem acontecendo nas relações entre professores e alunos. A atitude deste
professor é o reflexo de algo muito maior que está alicerçada nos discursos da
meritocracia e circunscrita no que se convencionou chamar de racismo à
brasileira. Portanto, quando este racismo à brasileira mostra a sua cara de
maneira tão latente, o combate se torna imperativo.
Assistam a fala do professor clicando no link abaixo:
Como
se não bastasse as situações e manifestações de racismo que se evidenciaram nas
últimas semanas, seja nos campos de futebol (no caso do goleiro Aranha), em
shoppings (o homem negro que tirou a roupa para provar que não tinha roubado
nada) e em lojas de centro (pai que parte em defesa dos filhos contra o racismo
institucional de policiais), a Globo vem com mais um seriado chamado “Sexo e as
Negas”. Só pode ser brincadeira...! Infelizmente não é.
Não
vou entrar nas questões da pertinência ou não pertinência da série, mas
pretendo discorrer sobre suas aparentes intenções e possíveis perigos. Antes, destaco
o meu entendimento sobre algumas expressões que sempre me incomodaram (histórica
e sonoramente). Um pouco antes do anúncio da série pude discutir (informalmente)
e fazer referência a tais expressões e o peso que elas detêm ainda hoje. Estou
falando dos termos: “nega”, “nego” e “neguinho”.
Dito
isso, explico que não estou pensando nas dimensões de carinho, nas expressões
de amor e afeto que muitos usam para se referirem aos seus parceiros e
parceiras, às amigas e aos amigos, mas reflito sobre o uso de tais termos e na
dimensão da inferiorização, da violência racial e dos efeitos perversos da
desigualdade e discriminação raciais (mesmo sem terem a noção de tais práticas).
Pois bem, quando nos deparamos com expressões do tipo: “Você está pensando que
eu sou o quê? Eu não sou ‘tuas Negas’!”, “Você viu que folgado? ‘Neguinho’ vem
aqui e acha que pode fazer o que quer”, “Nego acha que pode ir chegando assim e
pronto”. Pensem em como estas expressões fazem parte do nosso cotidiano e são
pronunciadas sem ao menos refletirmos cuidadosamente (salvo as raras exceções) nas
suas origens e na amplitude dos seus significados.
Esse
“nego”, essa “nega” e esse “neguinho” são frutos de um período escravista,
expressões acalentadas e nutridas nos fluxos e refluxos de uma sociedade
branca, elitista, machista e racista. O “eu
não sou tuas negas” advém de um passado em que as mulheres negras eram propriedades
dos senhores de escravos e sofriam todos os tipos de barbaridades (o estupro
era um deles); o fato de que se podia fazer qualquer coisa com uma negra (nos
referindo às dimensões dos desejos sexuais), visto que a mesma era uma
propriedade, logo, destituída de humanidade, se tornou um fenômeno comum e de difícil
extinção nos processos constitutivos das relações sociais do nosso país. Em outras
palavras, o que não se fazia abertamente e livremente com a mulher branca (sem
o peso moral e cerceador da “sociedade tradicional da época”), desembocava em
noites de violência e estupros nas senzalas ou nos recônditos da casa grande.
Já
os outros dois exemplos têm haver com o uso direto e imediato da liberdade adquirida,
com o ganho de direitos e o não reconhecimento por parte da elite brasileira no
que diz respeito à “igual dignidade” dos negros e das negras.
O
perigo é que essas expressões têm poder. O discurso por mais “inocente” que
possa parecer, por mais que assuma formas de “simples” expressões do nosso
cotidiano, causa danos e retroalimenta fatores que são condicionantes do racismo
que se evidencia no Brasil. A partir de tais fatores colocados, qual seria o
lugar do homem negro e da mulher negra em nossa sociedade? Pensemos nos
seriados produzidos pela empresa Rede Globo (salvo a exceção da novela Lado a Lado) e nos perguntemos: que
tipo de lugar ela (a empresa) nos impõem “sutilmente”, ou, ao menos, quer que
aceitemos passivamente para nos levar a crer que está nos dando a oportunidade
que há tempos nos foi negada.
Por
que o uso do termo “as Nega”, ao invés de as “Negras”? Por que Victoria Santa
Cruz, artista e ativista afroperuana, ao compor o poema “Me Gritaram Negra!”
não usou o “Nega”? Por que “Blogueiras Negras”? Acho que consigo responder:
pelo fato de enxergarem uma força política, transformadora e aglutinadora que
seja capaz de potencializar a ação de combate, resistência e valorização da etnia
de um povo, fundamentalmente, das mulheres negras.
Com
isso, pergunto: o que este seriado vai trazer de importante para a valorização da
mulher negra enquanto sujeito político e independente nas suas mais diversas
interações sociais na atualidade?
Quando
veremos as crianças negras, principalmente, as meninas, se identificando com
personagens negras que sejam médicas, filósofas, advogadas, universitárias,
executivas “bem sucedidas” sendo as protagonistas das suas histórias? Exemplos como
esses, já possibilitaria uma percepção de que existem muito mais questões e
objetivos a serem alcançados que não se resumem ao “sexo das negas”. Entretanto,
entendo que este não é o foco e nem a proposta da empresa Rede Globo, o que lhe
interessa é continuar reproduzindo a imagem da mulher negra no âmbito do sexo
(como “objeto” puro e simplesmente para o prazer), do carnaval e do samba, como
empregadas domésticas das famílias brancas e ricas que estão todos os dias nas
novelas brasileiras.
Não
podemos cair na “ilusão discursiva” (que corrobora e age em prol da manutenção
do status quo), que vê como
válida a realização do seriado, pois a representação da vida da mulher negra,
mesmo sendo na periferia, seria uma expressão da realidade que muitas vivem em
nosso país. Consigo entender esse argumento, mas não concordo que este seja o
único caminho a ser utilizado pela emissora em questão. Será que dentro do
enredo da série, alguma personagem enfrentará discriminação por ser uma
estudante universitária que através da política de ação afirmativa se tornou uma
representante combativa de um pequeno grupo de alunas negras no curso de
medicina da universidade X? Ou teremos alguma personagem enfrentando problemas como
machismo ou racismo praticado na empresa em que ela está pleiteando o cargo de
“Diretora Executiva”?
O
idealizador desta série não está preocupado com essas questões, o lugar social
dele até permitiria que enxergasse, caso estivesse aberto a ver e a
problematizar esses fatores, mas o que ele faz, achando que está “ajudando” os
colegas e as colegas negras, é reproduzir estereótipos ancorados historicamente
na representação social da mulher negra já que não apresenta nada novo, que irrompa
os construtos impositivos de um padrão discriminatório do “lugar” do negro ou
da mulher negra na sociedade brasileira, questionando, cutucando, fazendo
refletir ou aprofundar um debate qualificado sobre essa temática tão cara à
noção dos lugares sociais, carreiras, representações possíveis de serem
assumidas por negros e negras neste país.
Nas
palavras dele em uma nota explicativa sobre a polêmica do programa: “dói ver a
luta dos colegas negros na profissão. As oportunidades são reduzidas, não
trabalham sempre e, sem exercício, não há aprendizado, como sabemos. Pensei que
aquela ideia, surgida numa feijoada, na Cidade Alta de Cordovil, pudesse ser um
programa que refletisse um pouco a dura vida daquelas pessoas, além de empregar
e trazer para o protagonismo mais atores negros. Basicamente, foi essa a ideia
e nem achei que iriam aceitar o programa. Qual é o problema, afinal? É o sexo?
São as negas?” (Ele ainda fala um pouco mais sobre a serie).
O
problema é que não vemos uma produção que rompa com a perspectiva estereotipada
que sempre enquadra os negros e as negras nas representações da “nega para o
sexo”, “do nego bom de cama e pegador” e “das mulheres humildes e pobres” que
estão em trabalhos subalternos e de ínfimo reconhecimento social, sonhando com
um amor verdadeiro. Precisamos de mais posturas engajadas, visões críticas, diretores
de coragem para romper com estes padrões que insistem em ser colocados para nós
negros e negras.
No curta metragem “Vista Minha Pele” é destacado de forma inteligente a
ausência do negro na televisão, no cinema, nas revistas, enfim, na mídia,
fazendo-nos refletir sobre a presença do preconceito e da discriminação racial
presente em nossa sociedade.
Outro aspecto destacado foi à tentativa do negro, em modificar o seu
cabelo, sua fisionomia, para se tornar um pouco mais aceito e menos
discriminado pela sociedade.
O curta teve como foco principal a escola, já que é um local
privilegiado para se combater ou perpetuar o racismo. Nesse ambiente, foi
destacada a discriminação racial pelos colegas, o silenciamento em alguns
momentos, da personagem principal vítima do preconceito e de um jovem que
desiste de estudar, porque não aguenta a pressão e a rejeição por parte dos
professores, o que é destacado no trabalho de Rosemberg, 2006, referente ao
abandono de alunos negros da escola.
É apresentado um conflito entre aqueles que achavam que a jovem teria
que aceitar a sua situação, deixando os sonhos de lado, e caminhando de acordo
com aquilo que a sociedade esperava que ela pudesse alcançar, enquanto
representante de uma “raça” inferior, mas de outro lado, havia pessoas que não
aceitavam a injustiça social e acreditavam que somente a partir da luta, da
resistência e do desafio, seria possível o caminho para a mudança.
Nesse momento, acho interessante destacar a pesquisa organizada por
Silvério (2010), em que é destacada a importância de um trabalho de valorização
das diferenças, já que tal postura política propicia uma ruptura ou abrandamento da
homogeneização construída em nossa sociedade, sobre a existência de uma
cultura universal.
Destaca ainda, que,
A expansão dos direitos, decorrente das
transformações nas concepções de liberdade do século XXI, inseriu a questão da diferença enquanto enfrentamento da
condição de subalternidade, ou seja, a diferença passou a ser politizada visando
o reconhecimento social. (SILVÉRIO,
Valter Roberto et all. 2010 p.126)
Aliás, é demonstrada a ausência da história do povo africano ou de sua
resistência no país, e a ênfase na escravidão e submissão de um povo.
Em um determinado momento do curta “Vista a Minha Pele”, o professor
olha para a personagem vítima do preconceito, com dó, pensa em sua alimentação,
na falta de empenho por parte da família da adolescente, destacando uma das
concepções utilizadas no Brasil, para justificar a desigualdade no desempenho
escolar entre crianças brancas e negras.
De acordo com a pesquisa organizada por Silvério (2010), na década de
1970, as tentativas de análise e compreensão das causas do fracasso e evasão
escolar se concentraram, no debate acadêmico, em torno das carências afetivas e
alimentares.
Portanto, visando diminuir tais carências, introduziram-se políticas
públicas compensatórias, como a merenda escolar, no intuito de diminuir a
desnutrição e consequentemente a dificuldade de aprendizagem.
Mas esta foi apenas uma visão dentre várias outras presentes no Brasil,
para justificar a desigualdade na aprendizagem escolar.
As teorias científicas do racismo, apresentadas em fins do século XIX,
na Europa, tiveram repercussão no Brasil, partindo do pressuposto da
inferioridade das culturas não brancas, daí a crença na inferioridade
intelectual do negro.
Inicia-se uma política de branqueamento da população, em defesa da
mestiçagem, da mistura entre negros, brancos e indígenas, procurando aumentar o
“grau de inteligência” da população brasileira, que era em sua maioria negra.
Há um incentivo para a entrada de europeus no país, bem como a proibição da migração
de africanos.
Surge uma política em defesa da presença de uma democracia racial,
representada pelo mestiço, defendida entre outros autores, por Gilberto Freyre.
Porém, de acordo com as pesquisas apresentadas pelo IBGE, em que foi
destacado o baixo desempenho escolar dos alunos das classes populares, alguns
pesquisadores, como o sociólogo Florestan Fernandes e Roger Bastide, em meados
do século XX, colocam em xeque o mito da democracia racial, já que as pesquisas
apontavam nitidamente desvantagens da população negra no comparativo à
população branca.
Defende-se neste momento, que a questão racial estava subordinada à
temática de classes sociais. Florestan acreditava que o racismo seria superado
pelo avanço da modernização capitalista, com a ampliação do modelo
urbano-industrial, ou seja, que o problema estava na desigualdade social e não
racial.
Isto porque, como mostra a pesquisa realizada por Rosemberg (2006), a grande massa de pesquisas
educacionais relacionados ao baixo desempenho das classes populares, era
desagregada da relação cor/raça, bem como de gênero, dificultando uma visão
real dos grupos em desvantagem, como mulheres e negros.
Tivemos o retorno da crença da democracia racial
e, portanto, um abandono de políticas públicas voltadas ao combate da
desigualdade, durante a ditadura militar no Brasil de 1964 a 1985.
Nesse momento, há uma defesa da ideia de uma
síntese cultural única, no qual os elementos culturais brancos, indígenas e
negros, compartilhariam de uma aprendizagem a partir de uma educação universal
em que todos teriam as mesmas condições de reconhecimento, visão defendida
pelos franceses.
Aliás, essa igualdade de condições foi um dos
aspectos problematizados no curta “Vista a Minha Pele”.
Somente, a partir do final da década de 1970, com
a atuação do Movimento social negro, que integrou ações como o combate e a
denúncia das práticas discriminatórias e racistas com a apresentação de
demandas nos campos da educação, saúde, segurança, habitação, mercado de
trabalho, entre outros, a partir da alteração das políticas públicas,
denominadas de políticas de promoção da igualdade racial e políticas de ação
afirmativa, é que algumas mudanças começam a aparecer.
O mito da democracia racial é desconstruído, bem
como as falsas teorias biológicas e culturais.
Ações como a campanha “Não deixe sua Cor passar
em Branco”, para o Censo Demográfico de 1980, propõem mudanças a partir do
processo de redemocratização da sociedade brasileira, juntamente com a Lei
10639, de 2003 e a recente aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, com o
intuito de ampliar direitos à diversidade étnico-racial, expressa no respeito
às diferenças, e na luta por seu correto reconhecimento.
No entanto, a pesquisa de Rosemberg (2006), chama
a atenção para a fragilidade dos modelos teóricos que vêm embasando a
interpretação de dados macro, a partir de pesquisadores menos experientes,
desconsiderando os processos sociais que lhe dão significado.
Defende a formação de recursos humanos saídos da
comunidade negra, para o tratamento e interpretação de dados macro, tanto
relacionados aos estudos da educação como das relações sociais, que geralmente
são feitos por pesquisadores brancos.
Para finalizar, gostaria de comentar o título do
curta “Vista a minha Pele” e a proposta em que apresentaram a visão do racismo
e da discriminação, colocando pessoas brancas numa situação de inferioridade e
discriminação, convidando-nos realmente a refletir sobre todo um preconceito em
função da pele, da construção do racismo em torno de um continente.
Ver o curta:
Sobre a autora:
Soraia Esteves Cavalcante trabalha há 21 anos na
área da Educação. Leciona História na rede Estadual de Ensino para o Ensino
Fundamental, e também trabalha com as crianças pequenas, da Educação Infantil,
pela Prefeitura de Guarulhos.
Tem como foco e interesse, pesquisas relacionadas
ao tema “diversidade étnico-racial”. Além
da graduação em História, possui especialização em Educação Infantil pela USP,
e especialização em História, pela UNICAMP. Durante a especialização teve a
oportunidade de pesquisar sobre o trabalho com a diversidade étnico-racial na
Educação Infantil, bem como, procurou analisar uma obra literária, considerada
o primeiro romance escrito no Brasil por uma mulher negra – Maria Firmina dos
Reis, que publicou em 1859 a obra “Úrsula”.
Realizou cursos voltados para as seguintes temáticas:
“Educação, Africanidades, Brasil", pela Universidade de Brasília; e, atualmente,
“Gênero e Diversidade na Escola”, pela UFSCar.
Esse último, como a própria Soraia nos colocou – me ajudou a ampliar ainda mais os
horizontes, com relação não apenas à diversidade étnico-racial, mas também
quanto à questão do gênero e sexualidade.
Referências
utilizadas:
ROSEMBERG, Fúlvia. Estatísticas Educacionais e
Cor/Raça na Educação Infantil e no Ensino Fundamental: um balanço. Disponível
em: http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1284/1284.pdf.
Acesso em 21.jan.2014.
SILVÉRIO, Valter Roberto et all. “As relações
étnico-raciais e a educação” in: Richard Miskolci (org). Marcas da Diferença no
Ensino Escolar, São Paulo: EdUFSCar, 2010, pp. 120-144.
Poderia
nesta postagem discorrer sobre o que esta longa passagem, do livro, Psicologia Social do Racismo - Estudos
sobre branquitude e branqueamento no Brasil, tem a nos dizer. Mas preferi
transcrever o trecho visto a sua importância e potencialidades de reflexões que
podem ser retiradas dele ou da discussão proposta pelas autoras.
O problema
estrutural do racismo não é e nem pode ser somente uma culpa do negro ou somente um
legado da escravidão. Existem outros fatores, imersos de complexidades, nas
relações raciais brasileiras e um destes é a questão da Branquitude. O que se pode dizer sobre a percepção do branco e o seu papel como agente difusor de práticas e comportamentos
racistas seja no passado seja na atualidade? O trecho a seguir foi transcrito
das páginas 42-45 do livro acima.
[Uma psicóloga norte-americana,
afirma que os brancos negam inicialmente qualquer preconceito pessoal, tendendo
a posteriormente reconhecer o impacto do racismo sobre a vida dos negros, mas
evitando reconhecer o impacto sobre as suas próprias vidas. Ela destaca o
depoimento de uma das mulheres brancas que participava do curso sobre relações
raciais na universidade:
– como uma pessoa
branca, me dei conta de que pensava sobre racismo como alguma coisa que coloca
outras pessoas em desvantagem, mas não tinha pensado no aspecto de seus
resultados, o privilégio dos brancos, o que colocava vantagem... Eu via o
racismo somente como atos individuais de agressão, não como um sistema
invisível conferindo dominância para o meu grupo. –
Janet Helms, descreve a
evolução de uma possível identidade racial branca não-racista que pode ser
alcançada se a pessoa aceitar sua própria branquitude, e as implicações
culturais, políticas, socioeconômicas de ser branca, definindo uma visão do eu
como um ser racial.
Ela identifica seis
estágios no seu modelo de desenvolvimento da identidade racial branca: contato,
desintegração, reintegração, falsa independência, imersão/emersão e autonomia.
O estágio inicial, de
contato, geralmente inclui uma curiosidade primitiva ou medo de pessoas negras,
baseada em estereótipos aprendidos com amigos, na família ou na mídia, cujo
objetivo, dentre outros, era restringir a própria consciência das questões
raciais e a interação com as pessoas negras. Pessoas que estão nesse estágio,
quando querem elogiar um negro, fazem comentários do tipo: “Você não age como
uma pessoa negra”.
Algumas dessas pessoas
podem permanecer neste estágio definitivamente, porém, certos tipos de
experiência (interação crescente com pessoas negras e novas informações sobre
racismo), às vezes, levam a uma nova compreensão da existência do racismo
institucional e cultural, o que pode assinalar o início do estágio de desintegração.
Neste estágio aparece o
desconforto da culpa, vergonha e, algumas vezes, raiva diante da identificação
de suas próprias vantagens por serem brancos e o reconhecimento do papel dos indivíduos
brancos na manutenção do sistema racista.
Para reduzir este
desconforto, as pessoas podem convencer a si própria de que racismo realmente
não existe ou, se existe, é culpa das vítimas.
Neste ponto, o desejo
de ser aceito pelo seu próprio grupo racial, no qual a crença dissimulada ou
explicita na superioridade branca está muito presente, pode levar a pessoa a
readequar seu sistema de crenças para tornar-se mais coerente com a aceitação
do racismo. (Podemos identificar este ponto como a falsa independência)
A culpa e a ansiedade
associadas com a desintegração podem ser redirecionadas sob a forma de medo e
raiva contra negros, que são agora acusados de ser fonte de mal-estar
emocional.
Janet Helms sugere que
é realmente fácil para os brancos ficarem paralisados no estágio da reintegração, particularmente se é
possível evitar negros. Todavia, se há um catalisador para continuar a
auto-reflexão, a pessoa questiona sua definição de ser branco e a justificação
do racismo.
O indivíduo experimenta,
então, um senso de alienação em relação aos outros brancos que não experimentaram
o seu próprio racismo.
Desconfortável com sua
própria branquitude, ainda incapaz de ser verdadeiramente qualquer coisa, o
indivíduo pode buscar uma nova maneira, mais confortável, de ser branco. Esta busca
é a característica do estágio de desenvolvimento imersão/emersão.
Estudar sobre brancos
anti-racistas pode também oferecer aos negros a esperança de que é possível ter
aliados brancos.
Para brancos, a
internalização de uma nova percepção do que é ser branco é a tarefa básica do
estágio de autonomia. Os sentimentos
positivos associados a esta redefinição energizam os esforços pessoais para
confrontar a opressão e o racismo na sua vida cotidiana. É um processo sempre
em andamento, no qual a pessoa precisa estar continuamente aberta a novas
informações e novas formas de pensar sobre variáveis culturais e raciais.
Os estudos de Edith
Piza e Janet Helms são fundamentais porque nos auxiliam a focalizar o problema
das relações raciais como um problema das relações entre negros e brancos e não
como um problema do negro, como habitualmente se faz no Brasil; como se o
branco não fosse elemento essencial desta análise, como se identidade racial
não tivesse fortes matizes ideológicos, políticos, econômicos e simbólicos que
explicam e, ao mesmo tempo, desnudam o silêncio e o medo.]
Livro: Psicologia Social
do Racismo - Estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil – Iray Carone e
Maria Aparecida Silva Bento.
Observação: o livro da Janet E. Helms é o Black and White racial identity: theory, research and practice. New
York: Greenwood Press, 1990.
Compartilho neste espaço uma resenha do livro que é um clássico para quem se interessa pelos estudos das Relações Raciais no Brasil. Esta formidável resenha, com uma explanação lúcida e competente, foi realizada por Paulo César Alves, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA.
RAÇA, CIÊNCIA E SOCIEDADE
Um livro organizado pelos autores: Marcos Chor Maio & Ricardo Ventura Santos (organizadores). Rio de
Janeiro: Editora Fiocruz/Centro Cultural Banco do Brasil, 1996. 252 pp.
(brochura)
A coletânea de
artigos organizada por Marcos Chor Maio (pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz,
Fiocruz) e Ricardo Ventura Santos (professor do Museu Nacional e pesquisador da
Escola Nacional de Saúde Pública) é resultado do seminário Raça, Ciência e
Sociedade, realizado no Centro Cultural Banco do Brasil, em maio de 1995.
Trata-se de uma feliz e preciosa combinação de textos que, mediante uma
pluralidade de enfoques teórico-metodológicos, revelam na sua totalidade uma
análise multidisciplinar da história, das ciências sociais e, em certa medida,
da literatura para compreender o fenômeno complexo e polifacetado do cenário
racial brasileiro. Pela abrangência e riqueza do tema tratado, a coletânea
retoma com admirável originalidade um antigo debate sobre a cultura brasileira
e a identidade nacional.
Tendo em vista a
composição, o escopo e orientação dos artigos apresentados, o livro pode ser
analisado sob óticas diversas: pode-se empreender uma caracterização dos
diferentes modelos teórico-metodológicos subjacentes aos textos, uma descrição
do "estado atual da arte" nos estudos sobre a questão racial no
Brasil, ou mesmo uma discussão acerca da seleção dos temas específicos que
ganham destaque nos artigos. Limitar-me-ei apenas ao conteúdo do livro e, portanto,
uma apresentação sucinta de cada capítulo.
O livro está composto
por quinze artigos divididos em quatro seções. Cada seção corresponde a um
corte cronológico, identificando e caracterizando de modo paradigmático o
pensamento brasileiro sobre o imbricamento entre raça, ciência e sociedade. Na
primeira parte estão incluídos quatro capítulos que discutem como os discursos
de intelectuais e práticas políticas específicas sobre as questões raciais
ajudaram, na virada do século, a formar uma definição de identidade nacional. O
primeiro trabalho, de John Manuel Monteiro (As "raças" indígenas
no pensamento brasileiro do império), analisa como a penetração no Brasil
de novas idéias sobre raça e evolução teve que dialogar com um contradiscurso
que via no índio, por meio de um processo de mestiçagem, um caminho para o
futuro da civilização brasileira.
O texto seguinte,Condenado pela raça,
absolvido pela medicina: o Brasil descoberto pelo movimento sanitarista da
Primeira República, de Nísia Trintade Lima e Gilberto Hochman, discute de
forma muito bem documentada como o movimento pela reforma da saúde pública e
constituição da ciência médica na Primeira República tiveram um papel central e
prolongado na reconstrução da identidade nacional, ajudando a legitimar a
presença do Estado no campo da saúde pública e a superar o estado de barbárie
em que o País se encontrava. A tese fundamental dos autores é a de que, diante
de um país interpretado como doente como dizia o médico Miguel Pereira em
1916, "O Brasil é um imenso hospital" , a campanha pelo
saneamento, ao tentar resolver o quadro mórbido vigente nos "sertões
brasileiros" mediante uma reorganização dos serviços sanitários federais,
contribuiu tanto para a descoberta sociológica da doença, quanto para a
consolidação de uma nova identidade profissional, a do médico especializado em
saúde pública.
Giralda Seyferth é
autora do terceiro capítulo, Construindo a nação: hierarquias raciais e
o papel do racismo na política de imigração e colonização. Partindo da
crença dominante na época de que pertencer a um grupo étnico é o que dá sentido
à individualidade nacional, a autora analisa como o discurso sobre imigração e
raça, fundamentado na idéia da miscigenação, procurava constituir a noção de um
tipo nacional, resultante de um processo seletivo direcionado para o
branqueamento da população. Retornando ao tema da imigração, Joel de Souza
Ramos encerra o último texto da primeira seção do livro, Dos males que
vêm com o sangue: as representações raciais e a categoria do imigrante indesejável
nas concepções sobre imigração da década de 20. Nesse capítulo, o autor
observa que, em contraposição ao imigrante ideal, o indesejável seria aquele
representado por povos cuja raça limitaria a composição de um tipo eugênico
nacional. Nesse aspecto, a política imigratória da Primeira República procurava
orientar-se basicamente para a formação de um tipo ideal de homogeneidade
racial, cuja miscigenação física e cultural resultaria um tipo brasileiro. Esse
mecanismo pressupunha uma seleção que levasse em conta, além do aumento do
contingente de sangue branco, a "necessidade de se obter os mais
assimiláveis entre os brancos e, quando não fosse possível evitar, os mais
'dóceis' entre as 'raças inferiores' " (p. 81).
A segunda seção do
livro A reinvenção da raça nas décadas de 30 e 40 está
constituída de três textos. Sem pretender estabelecer marcos cronológicos
rígidos e incorporando o debate internacional, todos os três capítulos indagam
sobre o significado da substituição do conceito de raça pelo de cultura. O
primeiro desses textos intitula-se Do saber colonial ao
luso-tropicalismo: "raça" e "nação" nas primeiras décadas
do salazarismo. Seu autor, Omar Ribeiro Thomaz, valendo-se dos trabalhos
apresentados pelas Conferências de Alta Cultura Colonial (evento promovido em
1936 pelo Estado Português na Sociedade de Geografia de Lisboa), observa que
uma grande parte da Intelligentsia, desejosa de retomar os anos de
glória do antigo Império, partilhava a idéia de que os territórios de ultramar
corresponderiam a uma continuação do espírito lusitano. O Brasil representaria
a criação bem-sucedida de Portugal. O luso-tropicalismo de Gilberto Freyre,
nesse aspecto, estaria em compasso com esse ideal, pois, ao advogar as boas
intenções do projeto colonial português, o autor de Casa Grande &
Senzala aponta para a criação de uma democracia racial, uma
homogeneização da nação avessa à violência racial. O artigo de Lourdes
Marínez-Echazábal (Culturalismo dos anos 30 no Brasil e na América Latina:
deslocamento retórico ou mudança conceitual?) discute, de forma exemplar,
como, a partir da segunda metade do século XIX, a preocupação ontológica ou a
hermenêutica da identidade latino-americana torna-se mais intensa nas exegeses
dos cientistas sociais. Identificando as principais etapas do
"ideologema" da mestiçagem, a autora conclui que o discurso da
etnicidade formulado pelos intelectuais dos anos 20 aos 50 (mais
especificamente Gilberto Freyre e Jorge Amado), ao tentar dissociar raça e
cultura, atualizou a obra de seus antecessores. Ricardo Ventura Santos escreve
o último texto da segunda parte da coletânea Da morfologia às
moléculas, de raça à população: trajetórias conceituais em Antropologia Física
no século XX. Em um estilo claro, conciso, sem se perder em detalhes, o autor
analisa a trajetória do conceito de raça na antropologia física (ou biológica).
A primeira parte do artigo discute o contexto histórico e teórico da transição
híbrida e singular do conceito de raça para o de população, termo chancelado
pela síntese neodarwiniana.
Nesse contexto, argumenta Ricardo, os debates
desenvolvidos pela Unesco, na década de 50, a respeito dos Estatutos
sobre Raça tiveram uma importância especial quanto a essa questão. Por
último, analisando o significado de raça na antropologia física brasileira, o
autor observa a existência de duas grandes linhas de investigação: a primeira,
representada pelo Museu Nacional, caracterizou-se pela continuidade da noção
tipológica de raça; a segunda, centralizou-se na genética de populações.
A terceira parte da
coletânea O Brasil como "laboratório racial": os estudos
sobre relações raciais entre os anos 40 e 60 reúne quatro capítulos
que têm como eixo central a análise das obras de sociólogos e antropólogos,
nacionais e estrangeiros, que investigaram as relações raciais no Brasil entre
os anos 40 e 60. O primeiro texto, de Antônio Sérgio Alfredo Guimarães (Cor,
classes e status nos estudos de Pierson, Azevedo e Harris na Bahia: 1940-1960),
discute os quadros teóricos em que os conceitos de cor, classe e status foram
relacionados nas ciências sociais no Brasil. Com base no exame de três
clássicos (Donaldo Pierson, Marvin Harris e Thales de Azevedo), o autor analisa
duas grandes hipóteses sobre a relação entre cor e posição social: aquela que
teoriza as discriminações raciais como discriminações de classe e aquela que
explica a especificidade do sistema de relações raciais pela permanência de uma
hierarquia estamental criada pela escravidão. No texto seguinte, Maria Lúcia de
Santana Braga escolheu Roger Bastide para desenvolver uma refinada análise (Roger
Bastide, Paisagista). Enfatizando o pluralismo metodológico desse autor,
Maria Lúcia conclui que a obra de Bastide, assim como a de Machado de Assis,
oferece-nos um quadro amplo (paisagístico) da vida e cultura urbana brasileira.
Aliando ciência e arte, Bastide conseguiu ultrapassar os limites de uma visão
restrita sobre as relações raciais que marcou o trabalho de muitos de nossos
estudiosos. O trabalho de Marcos Chor Maio, A questão racial no
pensamento de Guerreiro Ramos, discute a forma como esse autor trata o tema
das relações raciais, partindo do pressuposto de que a abordagem adotada está
intimamente vinculada a determinados aspectos da sua trajetória de sociólogo,
tais como a sua militância no movimento negro e participação na burocracia
estatal. Inspirado no modelo nacional-desenvolvimentista cepalino, o
intelectual baiano acreditava na existência de uma cultura racial brasileira
convivendo com doses elevadas de racismo no País. Para Guerreiro Ramos, essa
situação contraditória só seria passível de resolução com a efetiva
participação dos intelectuais na construção de uma identidade nacional. Maria
Arminda do Nascimento Arruda, no seu trabalho Dilemas do Brasil
moderno: a questão racial na obra de Florestan Fernandes sobre o autor de A
Integração do Negro na Sociedade de Classes, analisa como esse sociólogo
investiga a situação dos negros sob o prisma das formas sociais excludentes e
das possibilidades de integração que têm caracterizado a ordem capitalista
brasileira.
A quarta e última
seção da coletânea Perspectivas contemporâneas acerca da questão
racial traz quatro capítulos que discutem o dilema racial brasileiro
e sua inserção no contexto internacional. Lívio Sansone inaugura essa seção com
o artigo intitulado As relações raciais em Casa Grande & Senzala
revisitadas à luz do processo de internalização e globalização. Trata-se de
um estudo que procura salientar como ohabitus racial e o discurso
luso-tropicalista estão descritos em Gilberto Freyre. Baseado em uma pesquisa
realizada em duas áreas da Região Metropolitana de Salvador, Lívio Sansone
conclui que, apesar do culturalismo e provincianismo das categorias freyrianas,
há muitos pontos de contato entre a realidade baiana e o quadro esboçado em Casa
Grande & Senzala. Joel Rufino dos Santos em um texto curto e objetivo (O
negro como lugar) observa que o negro deve ser entendido como uma
configuração social cujas coordenadas são dadas pelo fenótipo (crioulo),
condição social (pobre), patrimônio cultural (popular), origem histórica
(ascendência africana) e identidade (autodefinição e definição pelo outro).
Yvonne Maggie "Aqueles a quem foi negada a cor do dia": as
categorias cor e raça na cultura brasileira investiga o complexo
sistema de categorização de cores e raças pela cultura brasileira. Analisando o
PNAD de 1976 e as perguntas do censo demográfico, a autora conclui que a
pergunta aberta e sem um contexto definido sobre a cor e raça propiciou um
sistema classificatório que abarca tanto o lugar social, quanto a origem ou
identidade étnica dos entrevistados. Por último, o texto de Carlos Hasenbalg (Entre
o mito e os fatos: racismo e relações raciais no Brasil) trata do racismo e
das desigualdades raciais. Tais questões estão presentes na nossa realidade e
se a convivência harmônica entre grupos raciais permanece no discurso
ideológico brasileiro deve-se, entre outros aspectos, às dificuldades
enfrentadas pelo movimento social dos negros em encaminhar as suas
reivindicações específicas e ampliar a sua base social.
Pelo rápido resumo
acima apresentado, pode-se perfeitamente concluir que o livro Raça,
Ciência e Sociedade é, como diz Gilberto Velho na contracapa, uma
"referência obrigatória para todos os estudiosos de relações raciais".
Fonte da Resenha:
Cad. Saúde
Pública vol.13 n.4 Rio de Janeiro Oct. 1997